A reflexão do autor Carlos Queiros (autor de 3 romances, sendo os dois últimos editados pela Edita-Me), sobre o que é para ele a escrita.
É com esta "simplicidade" e "humildade" que se constroem os grandes autores.
Muito bom. A não deixar de ler.
"A ESCRITA
Parece-me oportuno fazer um ponto de situação dos meus livros, nesta que é a habitual pausa de verão para apresentações. Evidentemente, só para quem possa achar interessante. Há cinco anos, quando comecei a aventura da escrita, não imaginava a repercussão que iria ter na minha vida pessoal e social. Se bem que nada alterou em mim, continuo a ser o mesmo, mais rico, interiormente, é certo, mais considerado nalguns aspetos, mais solicitado, mas com muito caminho para percorrer. Porém, como não espero nada, corro por gosto, não defini objetivos literários, e os livros publicados são apenas troféus da persistência, do querer e do sofrer. Porque, na realidade, romances desta natureza implicam muito esforço pessoal, disponibilidade mental redobrada, porque a minha lide profissional é a antítese da escrita. Enquanto escrevi vários manuais para formação, estava a complementar o meu trabalho. Mas os romances são o lado solitário, o lado mais íntimo do autor, são a entrega dele próprio ao leitor. Não haverá nada nas artes em que o autor se explicite mais do que na literatura e na música. Talvez por isso, muitos escritores e músicos acabam por serem idolatrados, na exata medida do grau de cumplicidade que o leitor cria com eles. As personagens que, em muitas situações, são o espelho dos leitores, com quem se identificam, com quem sofrem, com quem riem, com quem aprendem. E, quando alguns personagens se tornam ícones dos leitores, como Rute em “Trilho de Lobos”, em que um público masculino a admira, isso realiza mais o autor pela substância que entrega a esses personagens, ou toda carga misteriosa e emocional em “A Mensagem do Limbo”, cujo impacto nos leitores é arrebatador e, nalguns casos, é pedido os leitores mais frágeis de espirito alguma contenção, não o lendo, isso implica uma responsabilidade para o autor. A responsabilidade de escrever com credibilidade e fundamentação, mesmo quando se trata de ficção. Como não tenho pressa, subscrevo António Machado, poeta espanhol, “O caminho faz-se caminhando.” Se alguém quiser vir comigo…faça favor, aceito companhia!
Carlos Queirós"
Link para a notícia no FacebookAutor: Edita-Me Editora, Lda.
Data publicação: 2014-07-02 13:41:41