O que deve ter em atenção se quer editar um livro: Proposta editorial de um autor a uma editora - por Sofia Bragança Buchholz escritora/ formadora/ consultora editorial
Ao fazer uma proposta para a publicação de uma obra a uma editora, o autor deve ter em atenção os seguintes aspectos:
– Título: o título da obra é um detalhe importantíssimo. Juntamente com a capa, este é a primeira coisa que o público vê. O autor deve ter particular cuidado na escolha do mesmo.
– Introdução: o autor deve apresentar sempre uma sinopse do livro que pretende ver editado. Nela deve ser feita uma análise FAB (Features, Advantages, and Benefits). Quais as Características da obra? Que Vantagens trará? Que Benefícios terá o leitor ao comprar este livro? Estas mais-valias podem ser de carácter físico ou de conteúdo: por exemplo, o conteúdo do Código Penal é sempre o mesmo, mas o benefício pode estar na forma física (o facto de ser mais fácil e transportar). Esta análise facilitará o trabalho e a decisão do editor. Através dela, ele poderá mais facilmente decidir sobre as vantagens ou desvantagens da publicação da obra em questão.
– Conteúdo: a qualidade literária ou científica da obra é o mais importante. As obras apresentadas a uma editora têm de ter qualidade (mesmo aquelas que, aparentemente parecer apenas ter interesse comercial como, por exemplo, alguns livros de figuras públicas.
– Fontes de financiamento: este ponto é importante pois, muitas vezes, existem livros de não-ficção de grande qualidade, mas que têm um público-alvo muito reduzido, não sendo um projecto comercialmente viável. Contudo, há interesse na sua publicação devido ao cariz da obra. Ora, se existirem financiamentos que suportem os seus custos, estes projectos são editados (ex: fundos de Fundações; Programas da EU, Patrocínios de empresas privadas, etc). O autor deve mencionar isso ao editor quando lhe apresenta a obra que pretende ver editada.
– Público-alvo: deve ser mencionado o público-alvo e a estimativa da dimensão deste, isto é, a quem e a quantas pessoas o autor pensa que se destina a obra. Uma obra pode ser muito boa, mas só interessar a um grupo extremamente restrito pessoas, invalidando financeiramente a sua publicação (a não ser que suceda o exposto no ponto anterior). Em relação ao público-alvo, às vezes, ocorrem surpresas: a obra pode ser inicialmente dirigida a um público, mas depois interessar a outro (ex: o Harry Potter foi inicialmente escrito para um público infanto-juvenil, mas atingiu também o segmento dos adultos).
– Nota curricular: o autor deve apresentar um breve curriculum seu para que o editor possa perceber quais as suas competências e até onde o pode levar na promoção da sua obra (ex: se o autor é jornalista e se move bem nos media, pode funcionar como uma mais-valia; se o autor é um expert numa área cientifica em particular, também).
– Propostas de promoção: O autor deve apresentar ao editor um plano de como pensa promover o seu livro. É importante para este perceber se o autor tem capacidade de comunicar, onde está o seu círculo familiar e de amigos, se está disposto a fazer promoção da obra, se tem contactos nos media, etc).
– Concorrência: na área da ficção é importante o autor perceber se tem, e quem poderá ser, a sua concorrência e mencioná-la ao editor, podendo esta ser directamente de livros ou de outros produtos (jogos, vídeos, etc), e se a sua obra pode gerar receitas apesar dela. Na área da não-ficção identificar este ponto é importantíssimo, pois, muitas vezes, o que varia não é o conteúdo, mas a forma, como já foi dito anteriormente, o que pode fazer toda a diferença no sucesso editorial.